ARTIGO
Uma
região que respira cultura
A
nossa região viveu, na semana passada, dois eventos que comprovam o
potencial cultural e turístico da Região Central. O XI JuvEnart -
Concurso Estadual de Danças Tradicionais e o Festival Internacional
de Inverno da UFSM e Semana Cultural Italiana de Vale Vêneto – que
ocorreram no Campus da UFSM. O Festival Internacional de Inverno da
UFSM teve início em 1986, com o objetivo favorecer o desenvolvimento
e o aperfeiçoamento da atividade musical num ambiente de integração
com a sociedade, aproveitando o potencial turístico da região da
Quarta Colônia de Imigração Italiana e do interesse da comunidade
de Vale Vêneto em promover o resgate de suas origens. Nesta
parceria, firmada há mais de quase três décadas, a comunidade de
Vale Vêneto idealizou a Semana Cultural Italiana e desde então a
Universidade Federal de Santa Maria, a comunidade de Vale Vêneto e a
Prefeitura de São João do Polêsine têm se unido na promoção dos
dois eventos, contando ainda com a colaboração da University of
Georgia, Estados Unidos. Durante esse período, a música e o estudo
são alimentos para inúmeros e especiais professores e alunos que
vem dos mais distantes estados brasileiros e países como Argentina,
Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e Alemanha. Na edição de 2013,
mais de 40 universidades e conservatórios de música da Europa,
Estados Unidos, Oriente Médio e América Latina estiveram
representadas no Festival, através de seus professores que
realizaram recitais e ministraram oficinas. Evidentemente que quando
falamos destes eventos, não podemos esquecer da típica comida
italiana, servida durante sete dias com muita simplicidade mas,
principalmente, com muito amor.
E
o JuvEnart que nasceu em 2002 para ser um Torneio de Bochas e um
encontro de peões e prendas, com chá de domingo? E nos conta Arion
Pilla, criador do JuvEnart, que depois de tantas ideias, o JuvEnart
chegou onde chegou através das ideias e do trabalho de Estefânia
Adams, e com a colaboração de tantos outros como o “marqueteiro’,
o Sr. Clodoaldo (ecônomo do CTG Sentinela da Querência). Diz Pilla
que na época não havia um nome. Então, ao repetir duas ou três
vezes a frase, pensando alto, o grupo levantar-se de onde estava,
atrás do freezer, e falar jocosamente, com os olhos arregalados e o
sorriso bem aberto: - “JuvEnart”... “O Juvenil rumo ao ENART”.
Uma história que pode parecer simples, mas que guarda valores
inestimáveis. O propósito, a união, a simplicidade e o orgulho de
ser gaúcho. Pois a cultura é uma expressão da construção humana.
A cultura é construída através do diálogo e atividades, projetos
e ações entre as pessoas no dia a dia. Nessa interação social são
construídos gradativamente símbolos e significados que têm sentido
a essas pessoas, e são compartilhados entre elas como um grande
propósito. A construção de uma cultura está repleta de elementos
e significados que vão identificar esse povo como pertencente a uma
determinada comunidade ou região, diferenciando-os de outras
comunidades, surge assim, a identidade cultural. E isso ficou muito
claro para mim e para todos que participaram ou assistiram a esses
eventos na última semana. Quem não vive as próprias raízes não
tem sentido de vida. O futuro nasce do passado, que não deve ser
cultuado como mera recordação e sim ser usado para o crescimento no
presente, em direção ao futuro. Nós não precisamos ser
conservadores, nem devemos estar presos ao passado. Mas precisamos
ser legítimos e só as raízes nos dão legitimidade.
Foi
para mim muito emocionante e gratificante poder ver jovens se
preocupando com o futuro da nossa cultura e com a memória de nosso
povo, o nosso maior patrimônio. E o mais importante, nos ensinando a
termos orgulho de nossas raízes, cores, sabores, crenças, nos
mostrando que o melhor caminho é assumir, disseminar e manter cada
vez mais nossas origens, para que só assim o mundo nos relacionem
com respeito e admiração. Pela relevância desses eventos,
responsáveis por manter viva a história, a construção e
desenvolvimento da cultura de nosso povo, de Santa Maria e Municípios
envolvidos, e por tudo que trouxe e traz de positivo para nossa
região, é mais do que justo que estes eventos sejam incluídos no
calendário oficial dos eventos do Estado do Rio Grande do Sul, e eu
me sinto na responsabilidade e obrigação de apresentar estes
projetos de lei. Muito obrigado Pivetta, Thomas Bortoluzzi, Arion
Pilla, e a seus colaboradores que no anonimato permitiram que nossa
região respirasse cultura durante uma semana inteira e fosse
protagonista na grande missão de fazer o coração do Rio Grande
voltar a bater com muita competência, alegria e união.
(artigo
publicado no jornal A Razão de 8 de agosto de 2013)
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