12/09/2011

Rio Grande, do Sul para onde?

Por Jorge Pozzobom *

Em janeiro de 2007, quando a então governadora Yeda Crusius assumiu o Governo do Estado, havia um sentimento de que os gaúchos não poderiam mais perder tempo com políticas públicas que fossem condicionadas aos repasses Federais. Entre os argumentos estava o contínuo recuo das transferências da União para o Estado. Em janeiro de 2011, havia um sentimento de que a vitória petista através do binômio Tarso e Dilma criaria uma espécie de alinhamento estrelar ao colocar o Rio Grande do Sul de frente para o Brasil, dando a impressão de que, com esta composição, o nosso Estado teria inúmeras vantagens sobre outras unidades da Federação.

O discurso foi além, pois com a nova composição o Rio Grande não apenas ficaria de frente para o Brasil como, também, para o mundo. Com o slogan: Rio Grande Do Sul, Do Brasil, Do Mundo a coligação Unidade Popular pelo Rio Grande venceu a eleição ainda no primeiro turno com mais de 50% dos votos. O fato é que, mesmo com o alinhamento das estrelas, os resultados esperados desta composição não se consolidaram. Por um lado, a crise internacional, que, diferentemente do que ocorreu em 2008, teve origem no setor público, justamente pelo fato de as nações desenvolvidas não terem cumprido o dever de casa, gastando mais do que arrecadaram, gerando, com isso, sucessivos déficits fiscais. Por outro, a permanência na queda dos repasses da União ao Estado. Ao fazermos uma análise dos repasses da União, constatamos que em 2000 representavam 1,09% do PIB do RS, enquanto que, em 2010, este percentual caiu passou para 0,78% do PIB. Neste caso a diferença de 0,31 pontos percentuais do PIB gaúcho, somente em 2010, representou uma perda estimada de receitas na ordem de R$ 737 milhões, o que equivale à média de investimento dos últimos 8 anos no Estado (R$ 747).

Embora Dilma tenha dito que o Brasil não entrará em recessão e incentivou o brasileiro ao consumo, o governo passou a reconsiderar a taxa de crescimento do país para 3,7%, em 2011, ou seja, abaixo de emergentes como a China e a Índia, porém superior aos países desenvolvidos (os mesmos que estão em crise). O Rio Grande do Sul nunca deixou de ser do Brasil nem do mundo, o que deixamos foi de fazer o dever de casa, gastamos mais do que arrecadamos por quase três décadas. Situação esta enfrentada com êxito pelo Governo do PSDB, através da conquista do déficit zero. E, definitivamente, o mundo está nos mostrando que este não é o tipo de política que trará um futuro melhor para nós, gaúchos.

* Deputado estadual, líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa. (Artigo Publicado no Diário de Santa Maria, em 10 de setembro de 2011)

 

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