*Jorge
Pozzobom
Propus na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da
Assembleia Legislativa, a qual integro como titular, a realização de uma
audiência pública com a finalidade de debater a situação da ativista gaúcha Ana
Paula Alminhana Maciel. Ana Paula, que é integrante da Organização Não
Governamental (ONG) Greenpeace, foi detida na Rússia após protesto contra a
exploração de petróleo no Oceano Ártico - no mar de Pécora – e é acusada
pela justiça russa de pirataria. A bióloga gaúcha está em prisão preventiva na
Rússia, junto com outros 27 ativistas e dois jornalistas, de diversas
nacionalidades, após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no
Ártico. É meu dever buscar a proteção dos direitos desta manifestante o quanto
antes.
Diante desta situação, retirei o requerimento que apresentei,
pela urgência do caso e propus, imediatamente, uma reunião de trabalho entre a
Frente Parlamentar da Advocacia da Assembleia Legislativa, da qual sou
coordenador, com representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para
estudar alternativas de ação, a fim de obter a soltura da manifestante
brasileira. Considero a prisão desta gaúcha manifestamente ilegal, pois não
existe como tipificar criminalmente como pirataria uma manifestação pacífica.
Portanto, é dever do Parlamento gaúcho buscar a proteção dos direitos da Ana
Paula o quanto antes. A minha intenção em propor a audiência, através da Frente
Parlamentar com representantes da OAB é debater possíveis proposições a serem
realizadas pelas entidades competentes.
Conforme o artigo 312 do Código Penal, a prisão preventiva
poderá ser decretada como garantia de ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Por
isso, tenho convicção de que não houve crime de pirataria que possa autorizar
os fundamentos da prisão preventiva. A acusação de pirataria está sendo
lançada contra homens e mulheres cujo único crime é a posse da consciência.
Isso é ofensivo e representa nada menos do que um ataque ao direito fundamental
de um protesto pacífico, que não trouxe danos materiais ao setor público, nem
privado, ao contrário do que ocorre com a ação de alguns vândalos infiltrados
nas manifestações realizadas aqui em nosso Estado e em nosso País.
O presidente russo, Vladimir Putin, em manifestação pela
imprensa, já havia dito que "obviamente" os ativistas "não são
piratas", entretanto afirmou que eles violaram leis internacionais ao se
aproximar perigosamente de uma plataforma de petróleo. Porém, os ativistas não
infringiram nenhuma lei por não terem feito o uso da força e acredito sim que
houve uso da força desproporcional pela guarda costeira e pela polícia russa.
Digo isso porque os ativistas foram conduzidos ao tribunal de Murmansk
algemados e colocados dentro de jaulas de metal. Lá, ouviram a argumentação da
promotoria - que os acusa de "pirataria de grupo organizado" - de que
eles poderiam tentar escapar se a prisão não fosse mantida. O meu trabalho e
meu manifesto se justifica por empregar todo meu apoio e buscar todas as formas
de proteção, juntamente com a Ordem dos Advogados Brasil e a Frente Parlamentar
para possibilitar que a ativista Gaúcha possa retornar para casa o mais breve
possível.
*Deputado
estadual do PSDB
(Artigo publicado no jornal A Razão em 17 de outubro de 2013)
(Artigo publicado no jornal A Razão em 17 de outubro de 2013)
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