A tragédia ocorrida aqui em Santa Maria, na boate Kiss, deixou 235 mortos - e muitos feridos que ainda lutam pelas suas vidas - e enlutou, diretamente, milhares de pessoas entre familiares, amigos e colegas das vítimas. Mas é impossível desconhecer que ela também feriu, emocionalmente, os mais de 190 milhões de brasileiros e quem sabe quantas pessoas no mundo inteiro que assistiram as manchetes internacionais do trágico ocorrido. Passados mais de quatro dias do episódio, estamos todos machucados, sofridos, compartilhando um luto nacional que não cessa de captar imagens de dor, revolta e tristeza. Ainda não temos pleno conhecimento dos fatos e responsáveis do desastre, digo isso oficialmente, pois as investigações estão em curso e a guerra de versões se apresentam de forma diversa e sem unidade. Embora sabemos que a responsabilização dos envolvidos nessa tragédia, que foi a segunda maior do país, diante das grandes proporções que tomou, não trará a vida de nenhum dos 235 mortos, nem apagará as cenas de horror, desespero e dor que todo o mundo assistiu e tem assistido desde a madrugada de sábado passado. Mas a sociedade exige esclarecimentos. E está certa ao cobrar a verdade e a justiça.
Demorem pouco ou muito as respostas, estou convencido de que todas aquelas mortes, tão inúteis e desnecessárias quanto úteis e preciosas eram as vidas que se consumiram, impõem à nação brasileira, mas no que nos compete deputados estaduais, ao Parlamento gaúcho, uma reflexão sobre o valor da vida humana e sobre o zelo que todos devemos ter em relação às circunstâncias capazes de precipitar desastres que podem ser evitados. Portanto depois da reflexão a ação imediata. E é por isso que na segunda-feira (28) conversei com o deputado Valdeci Oliveira, que também é natural de Santa Maria, e com o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Postal, para propor a todos os deputados, inclusive ao presidente que hoje assume o Parlamento gaúcho, deputado Pedro Westphalen, que esteve em Santa Maria prestando sua solidariedade, para juntos realizarmos um estudo e uma revisão geral de toda a legislação que trata sobre regas em ambientes comerciais fechados e com grande densidade populacional. Propus esta ação, para todo o Parlamento, junto, discutir e encaminhar leis, porque percebi que cada parlamentar, vereador ou autoridade, diante do desespero coletivo que nos traz a tragédia, teve a iniciativa de propor ações que isoladas terão menos eficiência e eficácia. Precisamos avançar. E de forma conjunta, enquanto Poder que tem como função legislar.
Como já relatei em entrevistas que concedi e em conversas com pessoas, durante esses dias, que parecem anos, às 4h da madrugada de sábado fui chamado para ajudar na tragédia que aconteceu aqui em Santa Maria. Assim que vi a situação, liguei para o subcomandante da Brigada Militar, Cel. Altair, e para o secretario estadual de saúde, Ciro Simoni, para pedir auxilio e colocar-me à disposição dos mesmos. Eles me atenderam prontamente e segui auxiliando no socorro às vítimas, juntamente com os policiais militares, profissionais da saúde e voluntários que prestaram atendimento na boate e, depois, aos familiares que foram reconhecer as vítimas no Centro Desportivo Municipal. Um dos maiores desafios para todos nós é, a partir de agora, conseguir vivenciar a fase da perda e da dor sem deixar de discutir e modificar a realidade com essa dura lição que, infelizmente, essa tragédia nos deixou.
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